Avaliadas em quase R$ 1 milhão, as 15 imagens que voltarão a decorar a sede da Funai (hoje,Fundação Nacional dos Povos Indígenas), em Brasília, são provenientes de um trabalho realizado pelo fotógrafo Sebastião Salgado para o órgão indigenista em 2017, durante expedição nas terras do povo Korubo, do Vale do Javari, no Amazonas.
Elas foram devolvidas ao autor, em 2020, pelo então presidente da Funai, o pastor e ex-delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, devido a suas críticas à política antiindígena do governo Bolsonaro durante a pandemia da covid-19 (como contamos aqui).
Na época, Salgado fez um apelo internacional em defesa dos povos indígenas, em especial os isolados – ainda mais vulneráveis a invasões e ao coronavírus -, e reuniu celebridades em campanha dirigida ao governo Bolsonaro e ao Congresso Nacional.
A repercussão foi rápida e positiva para os indígenas. Em resposta à mobilização, a Funai retirou de sua sede as obras doadas pelo artista à instituição, e sugeriu que Salgado fizesse um leilão.
“Se Salgado reclama que não está indo dinheiro para os índios, propomos que ele faça o dinheiro com esses quadros, compre os donativos e envie aos indígenas”, declarou o bolsonarista.
Enquanto era aguardada a resolução do caso, as fotos ficaram sob a guarda do Ministério Público Federal. Elas voltarão às paredes das salas da Funai neste mês, durante evento especial que integrará as celebrações do Abril Indígena, que conta com diversas ações em prol dos povos originários.
“Devemos esta reparação aos povos indígenas, ao Sebastião Salgado e ao Estado brasileiro, tendo em vista que as obras haviam sido doadas à Funai no ado e integram, portanto, opatrimônio público”, declarou a presidente da Funai, Joenia Wapichana, à colunista Mônica Bergamo.
E completou: “Esta é uma entre tantas decisões descabidas e lamentáveis tomadas nos últimos quatro anos e que estão sendo revistas pela Funai”.
Veja, a seguir, alguns dos belos retratos produzidos por Sebastião Salgado na terra do povo Korubo, no Vale do Javari, no Amazonas, que voltarão às paredes da Funai, de onde nunca deveriam ter saído.
Fotos: Sebastião Salgado