Só agora o governo de São Paulo anuncia oficialmente o que todos já sabiam: em portaria publicada no Diário Oficial esta semana, o governador do Estado declarou oficialmente que a Bacia do Alto Tietê (assim como diversas outras) enfrenta uma grave crise hídrica.
Apesar da prolongada estiagem que a região enfrenta desde 2014, e a consequente falta de água para abastecer a população de muitas cidades, apenas neste momento ocorre o reconhecimento de que a situação é seríssima.
Com a portaria divulgada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), o governo poderá tomar medidas emergenciais, como por exemplo, suspender a captação de águas subterrâneas e superficiais feitas por indústrias e empresas para privilegiar os moradores das cidades abastecidas pelo Alto Tietê. A bacia atende aproximadamente 5 milhões de pessoas e é uma das seis responsáveis pela água no Estado.
Atualmente o nível do sistema está em 15,4%. Este número indica a porcentagem em relação à capacidade total do mesmo. Para termos de comparação, o Guarapiranga, que é responsável pelo abastecimento de 5,6 milhões de paulistas, se encontra com 70,5% de sua capacidade. Já o Cantareira, registra 16,7%, levando em conta que já utiliza o segundo volume morto, ou seja, está no negativo.
Todos os sistemas que levam água para a população estão sendo afetados pela pouca chuva que caiu neste mês de agosto, como já mostramos em outro post recente aqui no Conexão Planeta. O inverno é uma época habitualmente mais seca, todavia, nos primeiros dias de agosto choveu apenas 1,7% da média histórica para este período.
Com a crise no Sistema Cantareira, o Alto Tietê está sendo usado para abastecer outros bairros da capital paulista, que até então não recebiam água de lá. Em dezembro de 2014, ele chegou a operar com pouco mais de 4% de sua capacidade.
O anúncio oficial da crise hídrica no Alto Tietê não terá reflexo somente em empresas e indústrias. Muitas cidades também terão que reduzir o volume de captação da água do sistema.
Há tempos entidades da sociedade civil e representantes de órgãos da Justiça cobravam do governo estadual uma posição mais transparente em relação ao real cenário dos reservatórios que fornecem água em São Paulo.
Atual Nível do Sistema Alto Tietê
Foto: Diogo Moreira/A2 Fotografia/Fotos Públicas