Existem mais de 2.500 espécies de louva-a-deus descritas pela ciência. E o Brasil possui a maior diversidade desses insetos do mundo. Nos últimos anos, a equipe do Projeto Mantis vem contribuindo muito para gerar mais conhecimento sobre eles, ao realizar pesquisas sobre esses pequenos seres. É desse imenso acervo, coletado ao longo da última década, que vem a maior parte dos mais de 800 exemplares da Coleção Mantis Neotropical, que acaba de ser criada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Os louva-a-deus, armazenados a seco em gavetas entomológicas para garantir sua preservação, são provenientes de expedições do Mantis a diversas regiões do país, especialmente os biomas Amazônia e Mata Atlântica. O objetivo é que a coleção se torne referência nacional no estudo dessas espécies.
“A cada expedição descobrimos não só espécies novas para a ciência, como documentamos a rica e surpreendente biodiversidade noturna. Cada reserva e terra protegida é única, tem detalhes, bichos e plantas que não se vê em nenhum outro lugar e a coleção mostra essa riqueza por meio dos louva-a-deus”, ressalta Leonardo Lanna, fundador do Projeto Mantis e curador adjunto da nova coleção.
Foto: Projeto Mantis
Entre os exemplares da coleção estão mais de 15 possíveis novas espécies, que ainda estão em processo de descrição. O acervo poderá ser visitado por pesquisadores e estudantes a partir do segundo semestre de 2025 e, futuramente, o Jardim Botânico pretende abri-lo ao público, em ocasiões especiais.
Em 2023, Leo Lanna entrou na lista de seleto grupo dos ’50 Exploradores’, 50 Pessoas Mudando o Mundo e os quais o Mundo Precisa Conhecer. Segundo os idealizadores da iniciativa, essas pessoas são indivíduos extraordinários que formam um “grupo de cientistas, educadores e conservacionistas cujo trabalho irá desvendar os segredos dos oceanos, promover a conservação, proteger espécies raras e ameaçadas de extinção e nos levar mais longe no espaço”.
O biólogo e fotógrafo brasileiro também é um National Geographic Explorer, título dado pela publicação americana a jovens líderes que estão inspirando mudanças globais e já foi um dos palestrantes do evento global TED, ao lado de Bill Gates e Al Gore, dentre outros (leia mais aqui).
Em 2024, foi a vez de Lvcas Fiat, parceiro de Lanna no Projeto Mantis, entrar no grupo do ’50 Exploradores’. Ele é designer naturalista, artista visual, contador de histórias e conservacionista.
Foto: divulgação
O louva-a-deus
O nome louva-a-deus se origina da pose característica desses insetos, principalmente dos maiores, que juntam as pernas da frente (em forma de garrinha) de forma que parecem estar orando. “Em quase todas as línguas, seu nome remete a algo religioso ou espiritual. É um inseto cheio de simbolismos”, revela Lanna.
O biólogo explica que o louva-a-deus é um dos grandes predadores do mundo dos insetos, se alimentando de outros menores, incluindo aqueles que podem ser pragas. E também são alimentos para bichos maiores, como aves e anfíbios. “O louva-a-deus faz parte do ciclo de uma floresta saudável e não se adapta tão bem a ambientes muito urbanizados, normalmente vivendo em parques verdes dentro das cidades.”
Lanna destaca ainda que ainda há muito a se aprender sobre esses seres. “Sabe-se, por exemplo, que uma espécie chinesa é capaz de ingerir lagartas muito venenosas sem ter problemas – o organismo dela absorve os nutrientes da lagarta e expele o veneno nas fezes. Esse mecanismo pode vir a servir para estudos sobre novas moléculas para a indústria farmacêutica”, acredita.
Foto: Projeto Mantis
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Foto de abertura: Projeto Mantis
