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“Muito feliz”, diz Milton Nascimento ao receber (e abraçar) título de Doutor Honoris Causa concedido pela Unicamp

A indicação do nome do cantor, compositor e multi-instrumentista Milton Nascimento para receber o 30º título de Doutor Honoris Causa da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas partiu do Departamento de Música, representado pelo professor Fernando Hashimoto, diretor do Instituto de Artes, e foi aceita, de forma unânime (62 votos), pelo Conselho Universitário (Consu).

Mas, devido à saúde delicada do artista, a Unicamp decidiu dividir a cerimônia em duas datas: a primeira, em 25 de fevereiro, na casa do artista – quando o reitor Antonio José de Almeida Meirelles entregou a honraria -, e outra, em 10 de abril, na sala do Conselho Universitário, quando foi exibido vídeo desse encontro, que Milton também divulgou em seu Instagram (assista no final deste post).

“Esta outorga de título que a gente está fazendo é porque você é portador de uma grande emoção do povo brasileiro, de sentimentos que você alimentou no nosso povo, em vários momentos da nossa história recente”, contou Meirelles à Milton.

Ao receber o título, o artista declarou: “Acabei de receber essa coisa maravilhosa da Unicamp. Tô muito feliz!”.  Em seguida, abraçou (foto abaixo) a pasta e levando uma das mãos à boca por três vezes, repetiu: “Beijos, beijos, beijos”.

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Em seguida, o professor Hashimoto revelou que esta é a primeira vez, em 60 anos, em que o Instituto de Artes da Unicamp indica um artista para receber o título.

“Pra nós é uma alegria e uma honra muito grande. Apesar de toda sua carreira ser do conhecimento público, acho importante a gente frisar alguns pontos que levaram à decisão de indicar Milton Nascimento. Além de sua contribuição artística, que é inerente, uma produção enorme e impactante do Milton – como compositor e cantor -, ele se tornou um cidadão do mundo. Um termo que se encontra na sua literatura. E isso faz com que a gente tenha expandido a cultura brasileira. Ao escutar uma música do Milton, ao ver sua interpretação, a gente se sente representado na figura e na sua produção. E a produção, o refino, não só das suas composições, mas toda a parte técnica e expressiva da sua voz e que quebrou várias barreiras.

“São poucos os cantores de música popular que conseguem um diálogo com músicos do jazz americano, da música instrumental e o Milton fez isso. Fez essa contribuição ao longo de sua carreira, de maneira internacional. Mas, como se isso não bastasse, a importância do impacto na sociedade foi muito grande. Como artista, abriu portas para vários outros artistas, algo que também é incomum”.

“Vou citar dois aqui – sou percussionista -, dois que são da minha área, a importância de sua atuação nas parcerias com outros artistas. Um deles é Naná Vasconcelos, que já se encantou, se foi, mas que tem uma relação do início de sua carreira muito importante e que sempre é lembrado por ele. E um grupo que mostra sua visão de incentivados, que é mineiro também, é o grupo Uakti, que incorpora a sua linguagem e consegue, com eles, incentivando os primeiros LP numa gravadora europeia, o que é algo uma importância e contribuição muito grandes. Seu incentivo vai desde a música popular até a música experimental”.

Hashimoto ainda acrescentou: “Quero também lembrar alguns fatos. Hoje, se tornou um pouco mais presente reforçar a cultura afro-brasileira, reforçar a cultura dos povos ancestrais, dos povos originários, a cultura indígena, o que Milton já fazia há muito tempo. Você vê o resgate dos tambores de Minas, isso há muito tempo atrás. É uma importância imensa, que sobreviveu também à ditadura. Sua produção sofreu os impactos da ditadura, o que pra nós, artistas e sociedade, foi como um farol de que esse era o caminho certo a trilhar: resistir a qualquer custo pela liberdade de expressão, pela liberdade artística”.

E finalizou: Então, são muitos fatores que levaram o Departamento de Música da Unicamp a solicitar a concessão do título Doutor Honoris Causa. A gente entende que é unanimidade na área musical e fica muito feliz que a universidade aceitou de uma maneira muito bonita. E a gente só tem a agradecer”.

Durante a cerimônia na Unicamp, que reuniu docentes e o reitor, o vídeo gravado na casa de Milton foi exibido e foi enfatizada a importância do trabalho de Milton, em especial como denúncia da violência praticada contra os negros, o que contribuiu também para destacar seu papel como divulgador no período de censura na ditadura militar no Brasil. 

Ao final do encontro oficial, duas músicas do artista – Morro Velho e Maria, Maria – foram interpretadas pela cantora Graciela Soares, apenas com acompanhamento de violão.

Vale destacar que a comissão avaliadora, que aprovou a indicação de Milton Nascimento, reuniu professores de diferentes instituições: Regina Machado e Thaís Nicodemo, do Instituto de Artes da Unicamp; Thais Nunes, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); e Paulo Costa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). 

Reconhecimento

O título de Doutor Honoris Causa da Unicamp é a distinção máxima prevista em seu estatuto, concedido desde 1971, a pessoas que tenham contribuído para o desenvolvimento de áreas como ciências, letras e artes. Entre os homenageados estão Pietro Maria Bardi, fundador do MASP (Museu de Arte de SP), o poeta Mario Quintana, o arquiteto Oscar Niemeyer, além dos religiosos Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Pedro Casaldáliga.

Agora, o título concedido à Milton este ano se junta a outros três (também Doutor Honoris Causa) oferecidos pela Universidade Federal de Ouro Preto, em 2000; pela Berklee College of Music, dos Estados Unidos, em 2016; e pela Universidade Estadual de Minas Gerais, em 2012.

Em seis décadas de carreira, o artista lançou cerca de 50 álbuns e cinco DVDs, e ainda compôs canções para trilhas de filmes (Os Deuses e Os Mortos, de Ruy Guerra, e Fitzcarraldo, de Werner Herzog) e balés (Grupo Corpo). Conquistou cinco estatuetas do Grammy Awards, maior premiação da música popular no mundo. 

A seguir, assista ao encontro de Milton com os representantes da Unicamp: Mais abaixo, assista à cerimônia oficial na Unicamp, que exibiu o vídeo gravado na casa do músico, com as declarações do reitor e do professor Hashimoto.

 
 
 
 
 
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Foto (destaque): reprodução de vídeo

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