
Após mais de uma década de luta de organizações ambientais, povos indígenas, líderes comunitários e pesquisadores internacionais, o governo do Peru anunciou finalmente a criação da Área de Conservação Medio Putumayo-Algodón, na Amazônia.
Ameaçada pelo garimpo ilegal e a extração madeireira, ela abrange um território gigantesco, de 2.500 km2, ao longo dos rios Putumayo e Algodón, na fronteira norte do país. Um levantamento feito em 2016, por cientistas do Field Museum, de Chicago (EUA), revelou que a região abriga mais de 3 mil espécies de plantas, 550 de peixes, 110 de anfíbios, 100 de répteis e 160 de mamíferos. Muitas delas estão em risco de extinção, como o boto-cor-de-rosa, o macaco-barrigudo e o tatu-canastra.
“Ainda existem florestas na Amazônia tão selvagens quanto eram há mil anos, e esta é uma delas”, afirma Nigel Pitman, ecologista sênior de conservação no Centro de Ação Científica Keller do Field Museum. “Esta área protegida é a realização de um sonho que compartilhamos há mais de 20 anos com nossos parceiros peruanos. Grande parte do trabalho de conservação é uma iniciativa urgente, que precisa ser feita agora, mas algumas das vitórias mais gratificantes são construídas lenta e meticulosamente, ao longo de décadas.”
Segundo especialistas, o rio Putumayo está extremamente bem preservado e isso garantirá uma oportunidade para que povos indígenas retomem suas tradições, como caçar e pescar de forma sustentável.
“Esperamos que esta nova área de proteção traga benefícios para as nossas comunidades. Poderemos cuidar da nossa floresta, vamos monitorá-la para que forasteiros não entrem no nosso território, para evitar a extração de madeira e ouro, que nos prejudica muito”, ressalta Gervinson Perdomo Chavez, líder da comunidade indígena de Puerto Franco.
“As comunidades locais desempenharão um papel fundamental na determinação de como as regiões que melhor conhecem podem ser preservadas para as gerações futuras, em colaboração com os governos regionais e nacionais e uma coalizão de pesquisadores e ONGs comprometidas em apoiar a gestão local da área”, acrescenta Campbell.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação do Field Museum
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Fotos de abertura: Álvaro del Campo/Field Museum